A subjetividade do luto e pósvenção nos familiares sobreviventes do Suicídio

Mariana Martins Pedersoli
Stéfany Arruda Aguiar
Manoel Vitor Noleto
Valéria Mori

Graduandas do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
Faculdade de Ciências da Saúde – FACES

Julho de 2020 – Brasília DF

O homem moderno vive em meio à uma sociedade frenética com características
emergenciais, o que a torna contraditória e potente mobilizadora de diferentes processos
subjetivos que podem ser facilitadores ou não para viver as diferentes experiências que se
organizam atualmente. O dia a dia pode naturalizar nossa relação com o mundo e potencializar
a falta de reflexão pessoal em contexto contemporâneo pautado pelo imediatismo, consumo e
competição (BAUMANN, 2009, 2018) .

Onde os indivíduos se encontram neste processo? A inconstância do cotidiano vivido e
presenciado do ser humano o faz dele um ser, muitas vezes, apático em diversas situações. As
relações afetivas que deveriam se dar pelo encontro entre o eu e o outro não se dá desta forma,
pois existe toda uma elaboração preconceituosa que bloqueia a naturalização deste processo de
encontro, o que faz refletir sobre a defasagem das relações afetivas.

O encontro afetivo se perde pela coisificação do ser, pelos seus pré-julgamentos e por julgamentos que nada condizem como que se está ali no presente, no encontro. A sociedade contribui para isso. O mundo gira em torno de categorizações e distanciamentos, muitas vezes, nem percebidos, mas que se dão com
extrema violência e contribuem para que o encontro afetivo não aconteça (BARRA, 2005;
RAAD & TUNES, 2006). O indivíduo constitui e é constituído pela e na complexidade social,
o que faz com que os distanciamentos afetivos sejam cada vez mais presentes na rotina das
pessoas, pois a própria constituição delas se formam com esta ausência do encontro consigo
mesma e com o outro. Alguns eventos corroboram para a evidência deste distanciamento afetivo, como o suicídio. Os sobreviventes deste evento além de perderem uma pessoa querida,
ainda perdem o apoio tido socialmente quando outros tipos de mortes acontecem. O suicídio é
um tema polêmico e pouco discutido socialmente, pois é visto, inclusive, como um tabu. Há
um silêncio muito grande sobre este evento, o que provoca o desamparo dos familiares, amigos
e todos os que perderam alguém por esse acontecimento.

A perda de uma pessoa querida por suicídio deve ser vista como algo que transcende a
matéria física, pois a relação, em seu sentido estrito, é muito mais que isso. A relação está
implicada em despimentos objetivos e se volta para uma busca do essencial, para a busca
daquilo que melhor caracteriza o homem, um ser que transcende o visível aos olhos
(GONZÁLEZ REY, 2002). “Sobrevivente do Suicídio” é a nomenclatura dada para as pessoas
impactadas por perdas causadas pelo suicídio, seja por familiaridade, laços emocionais ou
sofrimento com a morte. As intervenções feitas com os sobreviventes com o objetivo de
proporcionar bem-estar e auxiliar no processo de luto são chamadas de pósvenção, ou seja,
cuidados para aqueles que ficaram, pois além de serem sobreviventes, produzem sentidos e
significados a partir do fato ocorrido e isso precisa ser visualizado e acolhido (FUKUMITSU
& KOVÁCS, 2016; SCAVACINI, 2018).

É um tema muito pouco discutido na sociedade, sendo historicamente invisibilizado no
cotidiano e expressa como a subjetividade social brasileira se organiza em relação ao tema da
morte . A subjetividade social é uma produção humana, que na relação com a cultura, cria
tecidos sociais e individuais dinâmicos que organizam realidades sociais, a partir da
emergência das produções simbólicas-emocionais, chamada de sentidos subjetivos, que
fundamentam o caráter subjetivo da experiência na organização cultural, social e individual da
pessoa (GONZÁLEZ REY, 2019b). Os sentidos subjetivos produzidos pela pessoa criam
sistemas configuracionais subjetivos organizadora de uma realidade vivida. Desta forma, a
produções subjetivas são simultaneamente sociais e individuais.

A morte e o morrer expressam processos da subjetividade social. As visões da
sociedade contemporânea contribuem para isso, muitas vezes com a naturalização da exclusão
de situações relacionadas ao cunho religioso, patrimonial, cultural, dentre outros, o que
contribui para os discursos hegemônicos sobre o que é normal ou correto e isso faz com que
aconteça a mobilização de diferentes processos da subjetividade social relacionados à morte
(MONTENEGRO, 2017). A partir disso, cabe-se ressaltar a presença da igreja que é uma
instituição que combate de forma incisiva a morte voluntária (suicídio). O filme de relevância
social “Cruzadas” ilustra este combate, pois logo em seu início mostra-se uma caravana,
realizada pela instituição religiosa, e nesta encontra-se o corpo de uma mulher que cometeu o suicídio, no qual foi dado a ordem para que o cadáver fosse decapitado antes de ser enterrado
(DANTAS, 2005). A relação entre a subjetividade social e a morte voluntária (suicídio) se dá
neste encontro continuado de uma visão conturbada e excludente, onde tanto a pessoa que
comete o suicídio, quanto o desenrolar a partir deste evento é tido de forma contrária às
normativas sociais ao longos dos anos.

O indivíduo se constitui perante as vivências que se tem, o que transpassa do vivido. É
importante compreender o ser humano com uma visão integral e indissociável dos sentidos
subjetivos produzidos ao viver diferentes experiências na vida, o que implica refletir sobre a
complexa configuração da subjetividade tanto social quanto individual. O luto pela morte de
algum familiar ou amigo próximo deve ser observado pela singularidade com que o fato é
vivenciado e sentido, pois o evento evoca grandes reflexões e questionamentos por ser uma
morte autoprovocada e possui como consequência um luto diferenciado para os familiares e
pessoas próximas, tidas como sobreviventes (FUKUMITSU e KOVÁCS, 2016). A forma como
o luto se configura nessas diferentes experiências possibilita refletir como a subjetividade
social dominante se constitui e se expressa de forma distinta quando a morte se concretiza pela
ação de alguém que não quer mais viver. A subjetividade como processo se constitui através
dos sistemas subjetivos tanto individual quanto social (GONZÁLEZ REY, 2019b) e viver o
luto não é uma experiência dissociada dos processos da cultura, pois a forma como a morte é
configurada em termos simbólico-emocionais tem desdobramentos diferentes para pessoas em
diferentes sociedades.

Este pensamento contribui para a construção de um olhar voltado para fenômenos e
emoções de maneira complexa na qual existe uma multiplicidade de fatores que podem estar
envolvidos com tal processo, fatores estes que são constituídos e se constituem
permanentemente com o social e o individual. Com isso, deve-se excluir a ideia de que o ser
humano é isolado e produzido apenas pelo social e seu significado, mas sim pela concepção de
seus sentidos perante determinados acontecimentos de sua vida. (GONZÁLEZ REY, 2006b ;
GONZÁLEZ REY, 2002, 2017,2019a). Além disso, é de grande valia ressaltar que as emoções
possuem um papel muito importante na geração de vários processos subjetivos que
caracterizam a forma de lidar com determinadas situações e de vivenciar a vida, de maneira
geral (GONZÁLEZ REY, 2002, 2017a). As configurações subjetivas devem ser pensadas e
valorizadas singularmente, o que faz refletir sobre como as famílias enlutadas percebem e se
constituem após a perda do familiar e sobre como um tabu é experienciado por pessoas que
acabam por se inserir neste silêncio que envolve o assunto, o que torna essa experiência aindamais preocupante, pois esconde o acentuado problema de saúde pública no Brasil e no mundo
como um todo (BOTEGA, 2002).

Os suicídios são tratados com imenso temor e silenciados de maneira explícita, e muitas
vezes, implícita, até mesmo pela própria família do suicida. A sociedade impõe maneiras de
viver e de morrer. O luto nesses casos é diferenciado, principalmente pela intensidade da
vivência do luto, a sua duração e o estigma causado. O preconceito que a sociedade possui em
relação a este assunto faz com que as pessoas se sintam envergonhadas e hostilizadas, muitas
famílias acabam se isolando. Existe também uma tendência em tentar achar culpados. A pessoa
que se suicidou pode ser culpada por ter abandonado sua família e a família pode ser culpada
por não ter conseguido impedir o ato. Esse estigma e preconceito em relação ao suicídio
interferem na vivência do luto pelos familiares, pois a relação entre a subjetividade individual
e social é permanente e indissociável, o que acarreta em produções contínuas e
interrelacionadas (FUKUMITSU e KOVÁCS, 2016; SCAVACINI, 2018; CÂDIDO, 2011;
NUNES, PINTO, LOPES, ENES E BOTTI, 2016).
Essa reflexão possibilita discutir como os processos da subjetividade social podem ter
efeito na expressão da subjetividade individual, pois o medo de falar sobre a morte, a dificuldade de lidar com a ideia do suicídio de uma pessoa da família se constitui também pelos processos dominante da
subjetividade social em relação ao tema da morte. As representações sociais estão marcadas de
formas muito intensas neste evento, de modo que os seus efeitos na subjetividade social são
diferenciados, o que mobiliza processos simbólicos-emocionais que expressam o mal-estar em
volta dessa experiência.

Com isso, pode-se notar que não só a morte por suicídio se difere das demais, mas todos
os desdobramentos deste evento. O luto é diferente e as formas de enfrentá-lo também. A partir
desse olhar, deve-se pensar que crenças, assim como, as configurações subjetivas das pessoas
enlutadas podem se alterar em detrimento do episódio da morte voluntária. O luto em si pode
provocar mudanças neste sentido, mas um pós evento de suicídio tende a provocar muito mais.
A discussão dessa perspectiva se volta para como e com que suporte uma família consegue se
reestruturar após a perda de alguém por esse tipo de morte. Para tanto, ressalta-se a importância
da subjetividade social sobre o tema e como esta pode influenciar na constituição e
reconstituição dos indivíduos acometidos por este tabu de algo que precisa ser falado, mas que
não o é (CÂDIDO, 2011; NUNES). Como acontece essa reestruturação familiar perante a perda
de um ente querido por suicídio? Como suas crenças, sentidos e significados são elaborados
perante este tipo de situação da qual todos os seres humanos em suas famílias podem passar?

Justificativa

A reflexão sobre famílias ou pessoas próximas enlutadas pela perda de um ente querido
vítima de suicídio torna-se de grande relevância, pois a configuração subjetiva familiar é
alterada após o evento e o silenciamento realizado sobre o tema impossibilita para que estes
sobreviventes consigam discutir e compartilhar seus sentimentos e emoções. Este trabalho
busca salientar os aspectos constituintes da subjetividade social e familiar de situações de
suicídios e como estes aspectos podem ser trabalhados por meio de pósvenções. (GONZÁLEZ
REY, 2002, 2019a; TAVARES, 2013).

Revisão Bibliográfica
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2000) a cada 40 segundos alguém
se suicida e a cada 3 segundos alguém atenta pela sua própria vida no mundo, sendo este tema
uma das três maiores causas de morte entre pessoas de 15 a 35 anos de idade. A partir disso,
compreende-se que o suicídio é uma questão de saúde pública que gera repercussões não só na
vida individual, mas também na sociedade. Toda ação é individual e social simultaneamente,
o que implica em pensar sobre a importância de compreender como se dão as produções sociais
e históricas e o entendimento do fenômeno nas sociedades antigas para a abrangência do seu
cenário histórico e vivencial a respeito do tema.

Entre os povos primitivos, onde não se admitia a quebra de tradições, o ato de tirar sua
própria vida possuía uma ligação direta com as normas do grupo, sendo incentivado como
maneira de reparar um erro social grave. Na Grécia Antiga ao ser considerado pela primeira
vez como crime hediondo, o suicídio só podia ser praticado se permitido pelas autoridades, não
havendo o poder de decisão pessoal. Já nessa época pode-se perceber indícios do estigma social
na forma de punir o suicida ao decepar suas mãos (parte do corpo considerada responsável pelo
crime) e enterrá-las longe do restante do corpo (KOVÁCS, 1992; BASTOS & GODIM, 2010).
Argumentos de ordem econômica e política também foram responsáveis pela
repreensão do suicídio tanto em relação aos escravos, como no que se refere aos soldados em
guerra. Os primeiros eram proibidos por conta do prejuízo financeiro e os segundos por ser
considerado deserção, onde a pena para tentativas não sucedidas era a morte, castigando não o
ato de se suicidar, mas a incapacidade e o fracasso ao tentá-lo. Destaca-se aqui que a construção
da subjetividade social do suicídio é perpassada pelo interesse de determinados grupos em
torná-lo um fenômeno ilegítimo, a fim de garantir que suas necessidades sejam valorizadas e
supridas (RIBEIRO, 2003; SCHOPENHAUER, 2017, LANE et. al., 2001).

Segundo reportagens escritas por rabinos em blogs virtuais, ainda hoje os fiéis
praticantes do judaísmo consideram suicídio um crime, baseando-se no conceito de que o corpo
não é propriedade das pessoas, mas sim um empréstimo feito por Deus. Maimônides (filósofo
central e autoridade intelectual no judaísmo) prega que não se deve elogiar ou ficar de luto por
alguém que se matou. Além disso, existem restrições nas quais os corpos suicidas não devem
ser enterrados perto dos outros ou até mesmo no mesmo cemitério, argumento baseado em
escrituras sagradas que não permitem enterrar uma pessoa “má” perto de uma pessoa “justa”.
Discursos como este induzem familiares de suicidas a terem a ideia errônea de que mesmo que
seu ente querido tenha sido uma pessoa amada, honrada e respeitada em vida, devem-se pensar
neles com desprezo e aversão, como se fossem verdadeiros criminosos (SCHOPENHAUER,
2017).

Relevância do tema e impacto social

No final do século XIX Durkheim iniciou uma tese sociológica sobre o suicídio
que ainda é sustentada no estudo de fenômenos sociais. O referido autor defendeu que a
quantidade de suicídios é um reflexo das interações sociais dentro da comunidade, onde tais
números são influenciados por guerras, crises econômicas e transformações sociais. Ao

observar o suicídio como uma realidade social, percebe-se que este é um processo
historicamente determinado e sua produção subjetiva ocorre lentamente ao passar dos anos,
desde sua subjetivação nos povos primitivos até os dias atuais. Embora Durkheim trabalhe a o
fenômeno de maneira social, para a perspectiva aqui presente observa-se que este não possui
desdobramentos apenas para o aspecto social, mas também para o individual, o que corrobora
com a compreensão de que a partir da experiência do vivido são produzidos sentidos subjetivos
que organizam a vida da pessoa de forma singularizada. Dentro dessa perspectiva, González
Rey (2019a), aborda que o pensamento de Durkheim contribui para a separação do social e o
individual, tornando a representação do social algo despersonalizado e a representação da
psique humana individualizada. No processo de morrer, os aspectos subjetivos são atravessados
por uma série de produções de sentidos que não se constituem apenas pela experiência do
indivíduo, mas também são influenciados pela organização da cultura.
Os desdobramentos subjetivos do fenômeno suicídio podem gerar produções subjetivas
individuais entrelaçadas aos processos subjetivos sociais, marcada por questionamentos
motivacionais implicados na ação da pessoa que cometeu o suicídio como, duvidar da
qualidade relacional pela incapacidade de conseguir identificar elementos que denunciasse o
suicídio, além de questionamentos dos familiares pelos papéis configurados subjetivamente na
família, de pai, mãe, irmã(ão) e de inquietações de profissionais relacionados ao manejo
psicoterapêutico mais adequado para evitar o suicídio. O silenciamento está articulado a
diversos fatores subjetivados culturalmente, dentre eles os dispositivos religiosos que
atravessam os processos subjetivos individuais da moralidade, remetendo ao pecado, algo que
não deve ser mencionado por não ter seguido os caminhos corretos.
O abafamento dos sofrimentos silenciados se configuram em tramas não apenas da
perda, mas do vazio explicativo noético sobre o que poderia ter culminado tal evento, isso pode
promover a produção subjetiva de um campo recursivo pautada na culpabilidade. Então ser
sobrevivente diz respeito ao conflito por tentar gerar alternativas subjetivas configuracionais
de lidar sobre a falta da relação que se reconhecia e na tentativa de elaborar ações sensíveis que
poderiam prevenir o suicídio. Um campo “e se” se abre, como uma realidade subjetiva
hipotética construída e analisada para tentar suprimir uma sensação punitiva e suprir a
necessidade de funcionalidade produzida por sentidos subjetivos de impotência e vergonha.
Dados divulgados pela OMS (2000) apontam que as consequências de cada suicídio
geram um impacto em pelo menos 6 outras pessoas. Essa perda é sentida não só por familiares,
mas para todas as pessoas mobilizadas de alguma forma com tal morte, inclusive os
profissionais da área da Saúde e também profissionais que atuam em situações de crise, como bombeiros e socorristas. Uma das maneiras de o profissional lidar com o suicídio de um
paciente, é se permitindo se colocar também como um sobrevivente. É necessário compreender
que o suicídio é um risco que pode acontecer por múltiplos fatores, sendo eles internos,
externos e independentes. É preciso olhar não só para o significado que um suicídio possui,
mas para o sentido que as pessoas próximas ao suicida produzem com o fato. Fazer a reflexão
sobre qual configuração foi produzida a partir do evento é retomar as questões que permeiam
a vida e a morte. Pensar-se como sobrevivente é um caminho para que se possam adquirir
habilidades como empatia e escuta qualificada na hora de tratar casos de risco, além de que
compartilhar produções subjetivas e sociais implicadas no evento. (GONZÁLEZ REY, 2002;
TAVARES, 2013).

Apego e luto

Para a compreensão das dimensões do impacto de uma perda significante é importante
o entendimento do conceito de apego que é um laço com uma pessoa que proporciona conforto
e segurança. Esse vínculo, geralmente é iniciado na infância, se direciona a poucas pessoas e
tende a ser duradouro. O apego é sentido como algo necessário à sobrevivência. Quando a
pessoa vinculada morre ou se afasta é provocado uma forte reação emocional e tentativas para
recuperar a pessoa perdida. A perda pode representar uma saída do estado de equilíbrio, sendo
necessário tempo para que o enlutado retorne ao estado emocional anterior (BOWLBY 1997;
WORDEN 1998; OSMARIN 2015; RAMIRES & SCHNEIDER, 2010). Sob a ótica da
subjetividade, o apego vai se expressar na produção simbólica-emocional configurada na
relação social como uma qualidade subjetiva de compreender a maneira de se sentir consigo e
com o outro, orquestrada em determinados contextos e/ou situações que revelam certas
idiossincrasias da pessoa na relação. Desta maneira, a perda é um evento que força o sistema
configuracional vivido na relação produzir novas configurações subjetivas de modo paulatino
a compreender e desenvolver um novo papel na presença intangível que outrora tivera uma
referência subjetivada tangível. Assim, o sofrimento atravessa diversas facetas das produções
subjetivas da pessoa, como expectativas futuras sobre a pessoa, suporte emocional,
reconhecimento, identificação, admiração e segurança.
O luto do suicídio pode ser imensamente negativo ao ser comparado com lutos por
outros tipos de morte. O evento do suicídio é muito violento e abrupto, o que pode acarretar
em problemas no desenvolvimento do processo de enlutamento como comprometimento da saúde mental e física dos envolvidos. Esse desfavorável processo do luto é denominado de Luto
Complicado, ou seja, um luto que extrapola as características dos lutos esperados (naturais) e
consiste na presença de muita ansiedade, depressão, riscos de doenças, abusos de substâncias
e suicídios (SCHLÖSSER, ROSA & MORE, 2014; NUNES et al,. 2016). Essas implicações
são maiores pelas produções subjetivas sociais, anteriormente discutidas, que organiza e
reforça o silenciamento dos sobreviventes, enquanto que em outros processos de perda perpassa
uma tentativa de abertura e acolhimento, que apresenta complicações pelas dificuldades da
temática morte que atravessam as relações sociais. Dois pilares socialmente velados, morte e
suicídio, se combinam, para alguns, de maneira sedutora, para outros inconcebíveis. A sedução
se refere àquelas pessoas que de algum modo sentem encorajadas ao ter contato indireto com
casos de suicídio, como se o desejo da morte fosse influente. Em nossa ótica, o suicídio não se
reduz a uma vontade e desejo de morrer, mas a uma tentativa de se organizar subjetivamente
diante das implicações sobre a vida.
Diversas reações podem ser desencadeadas, cada indivíduo reage de uma forma e isso,
segundo Cândido (2011) depende de vários fatores como: vínculo com a pessoa que se matou;
a forma que aconteceu a morte, ou seja, se esta é repentina ou se já havia algum histórico de
tentativas e o suporte recebido. O contexto familiar se transforma após o acontecimento e todas
essas variáveis influenciam no modo de viver de cada um a partir dessa perda. A partir disso,
é necessário observar como as subjetividades se comunicam e como podem ser alteradas após
o evento.

Pósvenção e seus desdobramentos subjetivos


Além do suicídio se configurar como uma das principais causas de mortes no mundo e
tender a ter um crescimento nas próximas décadas, ser sobrevivente desse evento é um fator
de risco relevante para um novo suicídio. A partir disso, pode-se pensar o quão necessária é
uma rede de acolhimento e apoio para os sobreviventes do suicídio para cuidar e dar atenção
aos familiares e amigos que ficaram. A pósvenção neste cenário torna-se de fundamental
importância, pois o evento pode provocar impactos muito negativos do ponto de vista social e
individual, simultaneamente. Para tanto, é de grande relevância a presença de redes de
acolhimento como instrumento interventivo, pois estas podem ajudar as pessoas se apoiarem
umas nas outras e compartilharem de meios para um melhor e maior cuidado de si e do outro
(FUKUMITSU & KOVÁCS, 2016; TAVARES,2013).

Diante destes desdobramentos torna-se preponderante buscar estratégias para que
amigos e familiares sobreviventes consigam se restabelecer de maneira saudável. Pensando
nesse contexto, uma pesquisa realizada em Portugal, com dezessete familiares enlutados,
demonstrou que o apoio de profissionais da saúde são muito importantes, mas o apoio maior
referenciado pelos sobreviventes são a própria família. Uma hipótese para isto pode ser o fato
de que seja mais fácil encontrar na família uma maior aproximação de ideias e valores, além
de crenças e sentimentos. O compartilhar em um meio já conhecido e pertencente podem
ajudar os sobreviventes a lidar com este processo (BATISTA & SANTOS, 2014). A família
como tecido social gera produções subjetivas sociais que organizam toda uma dinâmica
relacional afetiva significativa que torna o apoio dos agentes que comportam a configuração
subjetiva social singular da família um campo emergente para gerar novas produções de
sentidos subjetivos. São por essas produções de sentido que são expressas os valores, crenças
e ideais dessa realidade social que permitem o sentimento de pertencimento e conhecido. O
interessante do estudo supracitado é que a qualidade relacional possibilita uma maior abertura
expressiva sobre o sofrimento diante do luto.
Para aumentar a consciência pública e enaltecer o tema, a Fundação Americana de

Prevenção ao Suicídio dedicou o dia 18 de novembro como Dia Internacional do Sobrevivente
do Suicídio, nessa data são organizados eventos em mais de 17 países do mundo com o objetivo
de promover conforto emocional, acolhimento e trocas de vivências entre os sobreviventes. No
Brasil, o evento é organizado pelo Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio,
que auxilia profissionais no manejo da causa e também propõe ações que dão suporte e voz aos
enlutados, como por exemplo o projeto “Colcha da Memória Digital”, espaço virtual destinado
a homenagem e compartilhamento de histórias por meio de vídeos, áudios, textos ou fotos dos
entes que se suicidaram.

Através de uma busca simples no navegador Google brasileiro, pôde-se encontrar
alguns grupos de apoio aos amigos e familiares de alguém que cometeu suicídio e também
organizações que dão suporte à estas pessoas. Em nível global, existe a associação Befrienders
Worldwide que oferece suporte emocional a pessoas com ideação suicida ou com qualquer
outro tipo de sofrimento psíquico. Essa associação incorpora entidades sobre o assunto em todo
o mundo e no Brasil ela é representada pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), entidade
filantrópica reconhecida atualmente como Utilidade Pública Federal. Os serviços prestados
pelo CVV não possuem fins lucrativos e são feitos por voluntários treinados através dos postos
de atendimento, pelo site ( cvv.org.br) e também por telefone (188). Em alguns estados CVV
oferece o Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (GASS), com encontros regulares e
de caráter anônimo.
Entretanto, pôde-se perceber que por ser um assunto pouco falado e muitas vezes
evitado principalmente na mídia, a divulgação desses grupos e organizações acaba se tornando precária e não alcançando muitas pessoas que poderiam se beneficiar desses serviços. Essa
realidade precisa ser mudada para que as divulgações atinjam a maior quantidade de pessoas
possíveis, não apenas aos sobreviventes, mas à todos, pois é fundamental que haja uma reflexão
maior sobre este tema e sua importância para saber apoiar os sobreviventes de maneira íntegra,
singular e subjetiva, para que assim, sejam feitas reconfigurações individuais e sociais em
busca de um espaço de maior compartilhamento personalizado, respeito de singularidades e
aceitação do que já não pode mais ser evitado, mas que pode ser sentido e discutido à nível de
preocupação de saúde pública brasileira e também mundial (BATISTA & SANTOS, 2014).
Além disso, deve-se observar que a maior rede de saúde do país, denominado de
Sistema Único de Saúde (SUS) não possui programas para fornecer o apoio devido aos
sobreviventes. Cabe-se ressaltar que sobreviventes do suicídio não são apenas a família ou
amigos, mas todas as pessoas que, de alguma maneira, foram impactadas pelo evento, o que
diz respeito também aos profissionais de saúde relacionados com o caso. Portanto, deve-se
atentar para o grave problema que permeia o suicídio, pois além da perda da vida, há o risco
futuro de novas perdas devido ao impacto do evento e a falta de apoio e acolhimento para as
pessoas que ficaram.
A partir de então, vê-se a necessidade de estudos e estratégias que contribuam no
sentido de ajudar essas famílias a desenvolverem recursos necessários para lidar com esta
situação utilizando processos de pósvenção, que é qualquer ato apropriado e de ajuda que aconteça após o suicídio com o objetivo de auxiliar os sobreviventes a viverem com mais bem-
estar. É de extrema importância que ocorra a criação de projetos nesse foco, já que pode-se observar uma maior prevalência apenas nos projetos de prevenção do suicídio, o que não
contempla os sobreviventes, ou seja, os que ficaram após o evento. As atividades de pósvenção
devem ter o objetivo de desenvolver as práticas de apoio a essas famílias para que elas possam
ter uma capacidade maior de aceitação, para que haja o compartilhamento de sentimentos,
emoções e produções que as pessoas realizam com o evento, além do reinvestimento na vida
e no viver, e que apeteça uma configuração autônoma em relação ao outro, a partir da
compreensão da presença de subjetividades individuais e sociais.
Neste ínterim, temos visto que a falta de um espaço para falar sobre o suicídio expressa
produções sociais dominantes tendo desdobramentos individuais pertinentes que podem
promover riscos para os sobreviventes. As estratégias até então vistas parecem flertar ainda
com esse anonimato de lidar com o complexo fenômeno que é o suicídio. Existem estudos
comprovando que famílias que possuem uma boa comunicação e conseguem dialogar uns com
os outros sobre tal perda, enfrentam o luto de uma forma menos traumática (NUNES ET AL.,
2016). Desta forma, é interessante que as estratégias de pósvenção tenham também como
princípio a dialogicidade. Nas discussões de Mori (2019,2020) sobre o diálogo, a autora
salienta a sua pertinência por ser um processo que se configura no reconhecimento singular e
legítimo dos processos subjetivos da pessoa, sendo o diálogo catalisador das potencialidades
emergentes de sentidos subjetivos capazes de construir novos caminhos significativos para o
desenvolvimento subjetivo da pessoa. A dialogicidade passa então ser ferramenta importante
para a expressão significativa e reflexiva diante dos conflitos singulares. As reflexões, geradas no espaço dialógico, tensionam e mobilizam configurações de diferentes processos de
subjetivação da pessoa. O espaço dialógico, aqui mencionado, não se reduz às práticas clínicas
do consultório, esse espaço se desenvolve no engajamento relacional das pessoas envolvidas,
assim, esse processo pode ocorrer tanto na díade quanto no contexto grupal, intervenção esta
que proporciona um espaço de compartilhamento e legitimidade da dor entre os sobreviventes,
facilitando o processo de ressignificação do evento traumático.
Essa ferramenta da dialogicidade permite a saída de produções subjetivas cíclicas para
a reflexão pessoal diante o luto e o suicídio. Essa reflexão crítica mediada por duas pessoas ou
mais, possibilita questionar as produções subjetivas sociais que dominam a lógica relacional e
afetiva de lidar com essas situações. O diálogo permite desnudar e criticar as concepções e
percepções pessoais de como a pessoa subjetiva o seu mundo social e individual para se colocar
como autora desse complexo processo. Desta maneira, se abre a possibilidade de gerar novas
configurações subjetivas do papel singular da pessoa em vida mediante a experiência do morrer
e do suicídio.

Referências

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da subjetividade de um deficiente físico. (2005). Dissertação de mestrado – Faculdade de
Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2005.

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BOTEGA, N. J. Prática Psiquiátrica no Hospital Geral: interconsulta e emergência. Porto
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